A presença de milho RR
voluntário em lavouras de
soja está causando prejuízos
em várias regiões produtoras
do país. O problema vinha
ocorrendo de maneira pontual
nos últimos anos, mas a
partir da safra passada
houve relatos em vários
estados produtores,
especialmente nas regiões
que adotam o sistema de
produção soja-milho
safrinha. “O problema tem
crescido nas áreas que fazem
cultivo de milho safrinha
RR, logo após a safra de
soja RR. Como o herbicida
usado nas duas culturas é o
mesmo, no caso o glifosato,
o milho acaba se tornando
uma planta daninha muito
agressiva na lavoura de
soja, o que traz mais
dificuldade para controle e
eleva os custos de
produção”, explica o
pesquisador da Embrapa Soja,
Fernando Adegas.
O poder de competição do
milho voluntário é bastante
elevado e pode causar
redução de produtividade na
soja. “Nossos estudam
indicam que a presença de 2
a 4 plantas de milho por
metro quadrado pode levar a
uma redução de até 50% na
produtividade da soja”. Além
da perda de produtividade, o
controle do milho voluntário
tem um custo elevado. “Em
algumas situações, essa
operação de controle, que
requer herbicidas para
gramíneas, já está mais cara
do que o controle de todo o
complexo de plantas daninhas
da soja, que normalmente usa
o glifosato”, alerta Adegas.
O primeiro passo para
minimizar a situação é atuar
de maneira preventiva,
principalmente evitando
perdas na colheita do milho,
pois os grãos deixados na
lavoura serão as plantas
daninhas na cultura
posterior, no caso a soja.
Para quem está com o
problema já instalado na
lavoura, o pesquisador
recomenda atenção nessa fase
inicial da cultura. “O ideal
é fazer o controle antes da
semeadura ou logo após a
emergência da soja, quando
as plantas do milho estão
com menor estádio de
desenvolvimento. Também é
preciso ter muito critério e
cuidado com o manejo dos
herbicidas”, explica.
Outro aspecto importante a
ser observado é que a
germinação desse milho
voluntário pode ser
desuniforme, dependendo se o
grão está ou não desprendido
da espiga, ou se está ou não
enterrado ao solo. Isso tudo
pode resultar na necessidade
do controle não ser feito
através de uma única
aplicação. Como o problema é
recente, a Embrapa está
estudando alternativas para
auxiliar técnicos e
produtores a lidarem com o
problema. “A tendência é a
situação se agravar”,
destaca Adegas. Há uma rede
de pesquisa conduzindo
experimentos na safra
2013/2014, com o objetivo de
ajustar as recomendações
técnicas visando a redução
de custos de controle,
ajuste de dosagens e
levantando novos dados que
indiquem o quanto a
presença de uma cultura
voluntária pode prejudicar a
outra.
O problema de culturas
voluntárias em meio a
lavouras comercial não é
exclusivo do sistema de
produção milho-soja. Nas
regiões onde o sistema de
produção engloba algodão,
milho e soja há relatos com
problemas de soja RR
voluntária em meio às
lavouras de algodão e
vice-e-versa. “É uma
situação complexa, que
ocorre tipicamente no
Brasil. Nos Estados Unidos
por exemplo, como há neve no
inverno, a tecnologia RR não
apresenta esse problema e
na Argentina não há tradição
de cultivo subsequente. É
preciso desenvolver mais
conhecimento para lidar
melhor com essa situação”,
pondera.