
No próximo dia 31 de outubro, a Granflor
Agroflorestal concluirá a quarta fase do seu
Programa de Prevenção e Combate a Incêndios
Florestais no Oeste da Bahia, e a edição 2016 da
iniciativa já é considerada um sucesso. Nos
últimos dias 8 e 9, foram realizados os
encontros anuais com as comunidades de
Macambira, em Cotegipe, e Buritizinho, em
Mansidão, que juntos somaram em torno de 700
participantes, com ênfase nas crianças e
agricultores familiares. Alternativas ao uso do
fogo foram trabalhadas em oficinas ministradas
pelo Senar/Sindicato do Produtores Rurais de
Barreiras, e noções de higiene e saúde bucal,
passadas pela equipe da Coife Odonto. Os eventos
tiveram ainda a participação e apoio do IBAMA/PrevFogo,
Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
da Bahia–INEMA, Universidade Federal do Oeste da
Bahia – UFOB, prefeituras de Cotegipe e
Mansidão, Rádio Barreiras e União dos Municípios
do Oeste da Bahia – UMOB.
O Programa de Prevenção e Combate a Incêndios
Florestais da Granflor no Oeste da Bahia, criado
em 2013, tem como meta conscientizar a população
urbana e rural para os riscos das queimadas, que
se agravam nos meses mais quentes e secos do
ano, agosto e setembro, e nos que antecedem as
chuvas, em outubro. O carro-chefe da campanha é
o programa de rádio Minuto Sem Fogo, que,
este ano, começou no dia 1° de setembro e
prossegue até 31 de outubro. Tratam-se de
spots de um minuto de duração que abordam de
maneira simples e direta as causas e
consequências dos incêndios florestais, e tem
como mote a frase “Fogo no mato é destruição,
fogo bom é no fogão”, que já caiu na boca do
povo, nas localidades ribeirinhas.
De acordo com o gerente de Operações da Granflor,
Alexandre Araújo, a prática de técnicas arcaicas
de agricultura e pecuária impelem os ribeirinhos
a colocar fogo no mato na crença de que assim as
pastagens rebrotam com mais vigor. A ação de
caçadores também intensifica o problema.
“Na rádio e nos encontros, temos conscientizado
as populações de que isso traz mais prejuízos
que benefícios, e mostrado as alternativas ao
uso do fogo”, afirma. Ele explica que a ideia de
criação da campanha surgiu de um problema real
que a empresa enfrentava todos os anos, a
incidência de fogo nas áreas da fazenda,
compreendida entre os municípios de Cotegipe,
Mansidão e Riachão das Neves.
“Fizemos estudos e diagnosticamos que a origem
do problema estava na beira dos rios, e que a
ação dos ventos e as condições edafoclimáticas
contribuíam para que o fogo chegasse a nós”,
lembra Araújo.
Laços estreitados
Trabalhar a vizinhança, através da difusão de
informação e tecnologia, foi a maneira que a
empresa encontrou para minimizar os riscos.
“Estamos colhendo excelentes resultados. Não
sabemos quantificar se, e o quanto, os focos de
incêndio diminuíram, mas hoje sabemos que as
denúncias e alertas aos órgãos competentes
aumentaram na microrregião em que atuamos e isso
tem sido muito importante”, diz Alexandre
Araújo. Ele ressalta que as iniciativas
reforçaram os laços com essas comunidades,
trazendo benefícios mútuos para a empresa e os
ribeirinhos.
“Iniciativas como esta da Granflor são
agregadoras para a toda a sociedade. Ajudam a
suprir lacunas do Poder Público, e podem
contribuir para o desenvolvimento do nosso
país”, afirmou o professor-doutor da UFOB,
Ricardo Reis, que este ano apresentou para as
crianças locais o personagem “Capitão Combate” e
seu inimigo “Foguinho”, que protagonizaram uma
aventura educativa no almanaque desenvolvido em
parceria com a Granflor, com apoio do Ministério
Público, distribuído para crianças e jovens
locais.
Oficinas
Apresentar alternativas ao uso do fogo é uma das
metas dos encontros com as comunidades
ribeirinhas. Este ano, o tema escolhido foi a
compostagem, técnica que transforma resíduos
orgânicos em adubo, ajudando a tornar o solo
mais fértil e a diminuir o volume de lixo nas
comunidades, que ainda sofrem com a falta de
coleta regular.
“É um conceito barato e simples de executar.,
Com materiais que as pessoas têm em casa,
pode-se substituir as queimadas se o objetivo é
melhorar o solo”, explica Tiago Oliveira,
especialista do Senar, parceiro da Granflor
através do Sindicato Rural de Barreiras.
Isabel Cunha, especialista em Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do INEMA, considera que a ação
da Granflor é uma semente que tem de ser
plantada. “A ideia de que a gente tem que cuidar
do que é nosso, e de que existem métodos para
fazer isso, muda muita coisa. O importante é que
o tema está sendo trabalhado de geração a
geração, com foco dado às crianças”, disse.
Para o também especialista em Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do INEMA, Michael Pereira, a
parceria entre empresas e Poder Público é
fundamental. “Ninguém consegue fazer tudo
sozinho. O que a gente conclui pelas respostas
da comunidade nas perguntas feitas durante as
apresentações é que este trabalho já está dando
frutos. Os conceitos já estão sendo absorvidos”,
afirmou.

