Mário Lanznaster
Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para o agronegócio da FIESC

 

A atual crise brasileira atinge ricos e pobres, famílias e empresas, o campo e a cidade. Ela resulta da deletéria associação de incompetência, irresponsabilidade e a deliberada e permanente intenção de desviar vultosos recursos públicos para proveito pessoal, de grupos, de partidos políticos, de empresas.

Superá-la custará “sangue, suor e lágrimas” ao povo brasileiro (como diria W. Churchill), nos próximos anos. Um dos efeitos dessa crise é de ordem imaterial: ela abala lenta e insidiosamente a convicção das pessoas sobre as virtudes do regime democrático e gera a sensação, em muitos setores, de que é necessário um outro modelo de organização política. Isso é péssimo!

Essa crise não pode ser em vão. Afirmo isso no sentido de que a sociedade brasileira precisa compreender os fatos recentes, colher suas conclusões e amadurecer. Isso significa, entre outras coisas, escolher seus representantes com mais critério e participar da vida social em todas suas dimensões – na escola, na igreja, no sindicato, na cooperativa, nas associações profissionais e culturais e, fundamentalmente, nos partidos políticos.

 O cidadão brasileiro, na média, tem débil formação política e cidadã, não sai do imobilismo, não participa, não discute os problemas da comunidade e tem o péssimo hábito de culpar os governantes pelas suas mazelas. Acostumou-se a invocar “direitos” e tem uma visão muito tosca de cidadania, esquecendo-se que em face dos direitos a fruir, existem, de forma correspondente, deveres a cumprir.

A pobreza dos debates das eleições deste ano parece confirmar minhas preocupações. Há uma profusão de oferta de novos benefícios por todos os candidatos, muitos beirando a ficção, e total ausência de análise sobre as reais dificuldades do Estado brasileiro nas esferas municipal, estadual e federal.

Os partidos políticos se transformaram em uma geleia geral. Analisando a prática cotidiana de cada um, fica impossível distinguir qual a verdadeira doutrina de cada agremiação partidária, seus postulados, seus princípios e seus compromissos com a Nação brasileira. Todos caíram na armadilha da demagogia. Discutir a crise sem radicalismo é um caminho para o amadurecimento.

 

 

 

 

 
 

É preciso amadurecer com a crise